F1 quer deixar motor dos carros mais barulhentos em 2026
Introdução do motor V6 turbo em 2014 silenciou os característicos sons dos carros da F1, mas presidente da categoria deseja mudanças com novo regulamento das unidades de potência
Ao comparar vídeos da F1 das últimas décadas, a aparência dos carros não é a única coisa em que se nota uma mudança drástica; os ouvidos também sentem a diferença dos modelos de cada geração. Isso se dá pelo som dos motores, cada vez mais reduzido até a introdução dos motores V6 turbo híbridos em 2014. E a intenção da categoria é de trazê-los de volta com novo regulamento de 2026.
- A intenção é garantir que com o novo regulamento, o próprio som do motor seja mais alto, porque isso faz parte da nossa emoção. É o que os nossos fãs querem ouvir, então é nosso dever nos comprometermos a isso - prometeu Stefano Domenicali, presidente da F1.
Largada do GP do Canadá da F1 2023 — Foto: Rudy Carezzevoli / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP
Os motores mais antigos da F1 possuíam uma rotação maior e, consequentemente, geravam mais ruídos. Os mais modernos, porém, viram essa capacidade ser limitada; a introdução dos motores híbridos turbo V6 em 2014 sacramentou de vez os icônicos sons altos dos carros.
O turbo, que usa o ar de alta densidade para aumentar a potência dos motores, também reduz o barulho emitido pelas unidades de potência, bem como os dispositivos de recuperação de energia: o MGU-K (que recupera energia cinética) e o MGU-H (que recupera energia do calor dos gases).
- O motor V8 tinha oito tubos se juntando em dois tubos e saindo direto da carroceria do carro. Agora, temos uma única turbina que recupera muita energia dos gases de escape. Assim que você recupera essa energia, o som diminui. Então, o fato de estarmos aproveitando energia desperdiçada é o que está deixando mais silencioso. Em vez de ser algo doloroso a menos que você use protetores de ouvido, agora você quase pode curtir o som, a musicalidade dele - explicou Andy Cowell, que foi diretor executivo da produção de motores da Mercedes até 2020.
Mercedes PU106B Hybrid, a poderosa unidade de potência das Flechas de Prata, que dominou F1 entre 2014 e 2021 — Foto: Divulgação
Em 2014, logo depois das primeiras voltas do novo motor V6 diante do público, o então chefão da F1, Bernie Ecclestone, disse publicamente que "os carros não soam como carros de corrida". As críticas do público permanecem até hoje, mas as novas unidades de potência permaneceram.
Isso, porém, mudará em 2026, quando entra em vigor um novo regulamento de motores; o regulamento foi aprovado em 2022, com ênfase na sustentabilidade, uso de até 100% de combustíveis sustentáveis e a manutenção dos motores V6 de combustão interna de alta rotação e potência. Neste ano, Audi e Ford se juntarão à F1 como fabricantes, e a Honda iniciará parceria com a Aston Martin.
- Precisamos ter um som diferente (da Fórmula E). Isso é música para os meus ouvidos. Já tivemos motores de 12 cilindros, numa frequência diferente, muito alta. E então 10, oito, seis - não vai continuar reduzindo. A situação é apenas diferente. Claro, precisamos ser híbridos, (o motor) continuará híbrido no futuro - reforçou Domenicali.
A F1 retorna no próximo fim de semana em 2 de julho com o GP da Áustria, nona etapa do campeonato.
Fonte: https://ge.globo.com/motor/formula-1/noticia/2023/06/23/f1-quer-deixar-motor-dos-carros-mais-barulhentos-em-2026.ghtml