Ozonioterapia: quais são os mitos e as verdades no tratamento adotado por Mariana Goldfarb?
Procedimento que mistura de oxigênio e ozônio tem objetivo de promover efeitos terapêuticos, mas especialista destaca que há pouca comprovação científica sobre os benefícios

Às vésperas do Carnaval, Mariana Goldfarb tem mostrado a rotina de preparo como musa da Grande Rio. Nas redes sociais, ela aparece recorrendo à ozonioterapia como um dos cuidados com o corpo para, segundo ela, “reforçar a imunidade, melhorar o desempenho e aumentar a energia celular”. O tratamento tem ganhado popularidade entre entusiastas da medicina alternativa, mas será que essas promessas têm respaldo científico?
Maíra Campos, ginecologista endocrinologista e especialista em reposição hormonal, explica como funciona o tratamento, em quais casos pode ser recomendado e quais são os benefícios.
Ozonioterapia: quais são os mitos e as verdades no tratamento adotado por Mariana Goldfarb? — Foto: Reprodução/Instagram
O que é a ozonioterapia?
O procedimento utiliza uma mistura de oxigênio e ozônio medicinal, em doses controladas, para estimular a oxigenação dos tecidos e modular a resposta inflamatória. Ela pode ser realizada de diversas formas, como injeções, insuflação retal, aplicação tópica ou auto-hemoterapia – quando o sangue do paciente é retirado, tratado com ozônio e reinfundido.
Apesar do crescente interesse pelo método, sua eficácia ainda não é amplamente comprovada e, se usado em excesso, pode trazer riscos.
“Não há evidências científicas robustas que comprovem benefícios significativos da ozonioterapia para a saúde endócrina ou metabólica. Portanto, seu uso deve ser avaliado com cautela”, afirma a médica.
O que promete a ozonioterapia?
Ozonioterapia: quais são os mitos e as verdades no tratamento adotado por Mariana Goldfarb? — Foto: Freepik
Um dos motivos pelo qual Mariana Goldfarb se submeteu ao tratamento é sua promessa de fortalecimento do sistema imunológico e aumento da energia celular, conforme explicou em uma sequência de stories nas redes sociais. Mas, de acordo com Maíra Campos, os estudos sobre esses efeitos ainda são escassos.
“Algumas pesquisas sugerem que o ozônio pode ter efeitos imunomoduladores e antioxidantes, mas esses achados não são amplamente validados pela comunidade científica”, explica.
O mesmo vale para a suposta promessa de regulação hormonal, “embora alguns defensores argumentem que o tratamento reduz processos inflamatórios”. A médica ainda afirma:
“Qualquer tratamento que atue no metabolismo celular pode modificar a resposta do organismo a determinados medicamentos, o que exige cautela e acompanhamento médico”.
Por outro lado, Maíra não descarta o uso desta terapia na recuperação de lesões musculares (devido a possíveis efeitos anti-inflamatórios) e na melhoria da oxigenação dos tecidos, mas “a evidência científica sobre esse uso é limitada”.
Em resumo, ela cita três exemplos em que a ozonioterapia pode ser considerada, mas ainda está longe de ser vista como um tratamento padrão:
- Ferida crônicas;
- Determinadas infecções;
- Lesões resistentes a antibióticos.
Ozonioterapia: quais são os mitos e as verdades no tratamento adotado por Mariana Goldfarb? — Foto: Freepik
Nestas situações, o protocolo também deve ser complementar a um tratamento médico e precisa ser feito em ambiente hospitalar, “pois a administração privada pode trazer riscos à saúde”.
“A ciência já demonstrou que a ozonioterapia pode ter ação antimicrobiana e potencial cicatrizante em algumas condições específicas, como feridas infectadas e úlceras diabéticas”.
Quais são os riscos?
A ozonioterapia tem sido usada como um tratamento complementar, mas, além da eficácia não comprovada, existem riscos sérios em alguns casos, como para paciente com doenças endócrinas.
No caso de diabéticos, há risco de alterações na resposta inflamatória e no equilíbrio oxidativo. Já em pacientes com disfunções da tireoide, sua interação com a produção hormonal ainda não foi bem elucidada. Também deve ser evitado o uso em pacientes com doenças autoimunes descontroladas, distúrbios sanguíneos que aumentam o risco de trombose e em gestantes, já que os efeitos nesses grupos não são bem compreendidos”.
— Maíra Campos
Outro ponto de atenção é o potencial do ozônio para desencadear estresse oxidativo excessivo e danos celulares. “É fundamental que qualquer paciente interessado nesse tratamento tenha acompanhamento médico rigoroso para evitar efeitos adversos”, enfatiza.
“É fundamental que os pacientes entendam que se trata de um método experimental, sem comprovação científica robusta para muitas das alegações feitas sobre seus efeitos”, ressalta a ginecologista endocrinologista.
O que diz a Anvisa?
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autoriza a ozonioterapia apenas como um tratamento complementar e experimental. Ou seja, seu uso não é regulamentado para todas as condições de saúde, e ele não deve substituir terapias convencionais com eficácia comprovada.
No caso de diabéticos, há risco de alterações na resposta inflamatória e no equilíbrio oxidativo. Já em pacientes com disfunções da tireoide, sua interação com a produção hormonal ainda não foi bem elucidada. Também deve ser evitado o uso em pacientes com doenças autoimunes descontroladas, distúrbios sanguíneos que aumentam o risco de trombose e em gestantes, já que os efeitos nesses grupos não são bem compreendidos”. — Foto: Unsplash
Atualmente, a ozonioterapia só é permitida em caráter experimental e complementar para algumas condições específicas, mas, segundo a agência, “não há equipamentos de produção de ozônio aprovados para uso em indicações médicas no Brasil, visto que ainda não foram apresentadas evidências científicas que comprovem sua eficácia e segurança”.
Em nota técnica, a Anvisa pontua em quais casos o protocolo possui autorização até o momento:
“Dentística: tratamento da cárie dental – ação antimicrobiana; periodontia: prevenção e tratamento dos quadros inflamatórios/infecciosos; endodontia: potencialização da fase de sanificação do sistema de canais radiculares; cirurgia odontológica: auxílio no processo de reparação tecidual; estética: auxílio à limpeza e assepsia de pele”.
E ainda: a Anvisa não aprova a ozonioterapia para o tratamento de doenças endócrinas, metabólicas ou para o fortalecimento do sistema imunológico. Portanto, seu uso fora dessas indicações deve ser feito sob supervisão médica.
Fonte; https://gshow.globo.com/comportamento/saude/noticia/ozonioterapia-quais-sao-os-mitos-e-as-verdades-no-tratamento-adotado-por-mariana-goldfarb.ghtml