Cientistas descobrem que remédio para tratar diabetes reduz em 22% o risco de demência

Em comparação com outro antidiabético, medicamento diminuiu a chance de desenvolvimento de Alzheimer e demência vascular

Cientistas descobrem que remédio para tratar diabetes reduz em 22% o risco de demência

Um estudo publicado na revista científica BMJ Open Diabetes Research & Care descobriu que uma classe antiga de medicamentos contra o diabetes tipo 2, conhecidos como glitazonas ou TZDs (tiazolidinedionas), reduz em 22% o perigo de demência em pacientes com alto risco de desenvolver diabetes tipo 2 leve ou moderado.

A pesquisa levou em consideração que os pacientes com demência e diabetes tipo 2 têm alguns padrões fisiológicos parecidos; portanto, passou a analisar se os medicamentos para diabetes também poderiam ajudar a evitar ou tratar a demência, já que não havia, até então, dados consistentes sobre o assunto.

 

O método utilizado pelos cientistas comparou o risco de demência em idosos com pelo menos 60 anos, diagnosticados com diabetes tipo 2 e que foram tratados com sulfonilureia ou TZD, com os voluntários que receberam apenas metformina (outro antidiabético).

“Essas descobertas podem ajudar a informar a seleção de medicamentos para pacientes [mais velhos] com [diabetes tipo 2] e alto risco de demência”, disseram os pesquisadores, em comunicado.

No total, os estudiosos utilizaram os registros eletrônicos de saúde, retirados do Sistema Nacional de Saúde de Assuntos de Veteranos, de 559.106 pessoas com diabetes tipo 2 entre janeiro de 2001 e dezembro de 2017.

Após no mínimo um ano de tratamento medicamentoso apenas com o TZD, os pacientes tiveram um risco 22% menor de ter demência por qualquer causa, quando comparados com aqueles que usaram apenas metformina.

De forma mais detalhada, o tiazolidinediona diminuiu em 11% o risco de desenvolvimento da doença de Alzheimer e em 57% de uma demência vascular. O estudo revela ainda que as doenças vasculares aumentam o risco de Alzheimer; portanto, os TZDs têm efeitos favoráveis no sistema vascular a partir do momento em que auxiliam a prevenir a condição.

O TZD combinado com a metformina diminuiu em 11% o risco de demência por qualquer causa. Já o uso isolado de sulfonilureia aumentou esse risco em 12%. Sendo assim, os cientistas concluíram que a suplementação de sulfonilureia com metformina ou TZD pode equilibrar esses efeitos.

O estudo ainda descobriu que os pacientes que mais se beneficiaram com o uso de tiazolidinediona foram aqueles com menos de 75 anos, e pôs em pauta a importância de prevenir a demência. O medicamento também teve um efeito protetor maior em pessoas com sobrepeso ou obesas.

A pesquisa é considerada observacional — sem conclusões definitivas sobre causa e efeito —, pois os cientistas não tinham algumas informações, como a função renal e os fatores genéticos de cada paciente, e os participantes eram, em sua maioria, homens brancos.

No entanto, as conclusões dão base e incentivam mais estudos sobre o assunto e a criação de formas de redirecionar o medicamento contra o diabetes tipo 2 para a prevenção de demência priorizando os TZDs, por exemplo.

 

Fonte: https://noticias.r7.com/saude/cientistas-descobrem-que-remedio-para-tratar-diabetes-reduz-em-22-o-risco-de-demencia-13102022