Em meio à onda de demissões em massa, veja setores que devem manter contratações neste ano

Serviços, tecnologia e setor financeiro seguem aquecidos, segundo especialistas.

Em meio à onda de demissões em massa, veja setores que devem manter contratações neste ano

Só nos dois primeiros meses de 2023, mais de 50 empresas - a maioria de tecnologia - anunciaram demissões em massa no país, segundo dados reunidos pela plataforma Layoffs Brasil. Entre elas estão Google, Nubank, C6 Bank, Loggi e Enjoei.

Outros setores da economia, em contrapartida, continuam aquecidos, com destaque para serviços e área financeira. E o Brasil pode ter um ano de geração de empregos, a depender de fatores econômicos como inflação e juros.

Especialistas ouvidos pelo g1 destacam também que, apesar das demissões nas big techs e outras empresas do ramo, os profissionais de tecnologia devem ser bastante demandados neste ano para recontratações e vagas em companhias de várias áreas de atuação.

 

Setor de serviços segue aquecido

 

Enquanto 2022 fechou com uma taxa média de desemprego de 9,3% - menor patamar desde 2015 -, o setor que mais contratou profissionais foi o de serviços, com uma alta de 17,8% nas contratações entre 2021 e 2022. Na sequência vem a indústria, que registrou aumento de 6,3%. Por outro lado, o setor de agropecuária teve queda de 1,6%.

Situação semelhante acontece nos Estados Unidos, segundo uma reportagem do jornal New York Times.

Grandes empresas de tecnologia desligaram centenas de funcionários, mas os serviços seguem contratando a todo vapor, apesar da inflação persistente e uma subida nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Para 2023, as expectativas são de que os serviços continuem contratando no Brasil, com destaque para eventos e entretenimento, além de turismo.

Esses setores contam com uma "grande demanda reprimida" dos últimos anos de isolamento social causado pela pandemia, segundo Lina Nakata professora da FIA Business School e pesquisadora FEEx.

Marilane Teixeira, economista e pesquisadora do CEIST-IE Unicamp, também enxerga nos serviços a principal força do mercado de trabalho no decorrer do ano, mas alerta que o Brasil deve passar por um período de desaceleração econômica que pode impactar a oferta de empregos.

 

Área de tecnologia é outro destaque

 

Outra área que deve estar aquecida nos próximos meses é tecnologia. Embora a maioria das demissões em massa dos últimos tempos tenha acontecido justamente nas empresas desse segmento, isso não significa que os profissionais do setor perderam seu papel na dinâmica do mercado de trabalho.

Empresas de tecnologia estão demitindo por duas principais razões: a situação econômica e uma transformação estrutural nas companhias.

No que diz respeito à situação econômica, as empresas do setor precisam de muito investimento para crescer. Com a inflação elevada e os juros altos, no entanto, os processos para tomada de crédito e financiamento desse crescimento ficam mais caros, impactando inclusive no quadro de trabalhadores.

Já em relação à estruturação dessas companhias, muitas delas contrataram profissionais por um valor muito alto, o que começou a afetar as contas.

Lina afirma que, pela pouca oferta de profissionais qualificados em tecnologia em relação à alta demanda de serviços, as empresas passaram a oferecer salários muito altos para atrair mão de obra. Agora, devem passar a praticar valores mais próximos do mercado.

 

"O salário de um analista de TI era muito maior do que o de outro profissional de mesmo nível só que em outra área", pontua a professora.

 

Marilane compartilha do mesmo ponto de vista e destaca que o setor está começando a passar por uma reestruturação para crescer de forma mais sustentável.

Nesse sentido, o que as especialistas acreditam é que as empresas que demitiram muita gente podem recontratar profissionais, mas com salários menores.

Além disso, fora das companhias do setor, outras áreas também devem ter, cada vez mais, uma demanda grande por profissionais de tecnologia - um movimento que deve se destacar em 2023 -, já que todas as áreas, da educação aos cuidados com a saúde, precisam de especialistas para modernizar suas operações.

Levantamentos divulgados pelo g1 apontam que o setor de TI deve ter grande demanda de profissionais neste ano. As empresas de recrutamento Robert Half e PageGroup, além da rede social LinkedIn, mostram os cargos que devem estar em alta na área, requisitos e salários. Veja nos links abaixo:

 

 

 

Setor financeiro contrata profissionais de várias áreas

 

Por fim, o terceiro setor que se destaca na abertura de vagas em 2023 é o financeiro, mas não apenas para os profissionais da área de finanças.

O levantamento do LinkedIn - que traz a lista anual dos 25 cargos que mais cresceram nos últimos anos e serve como referência para os mais demandados neste ano - mostra que as instituições de serviços financeiros devem ser as que mais vão contratar profissionais.

Entre as funções de destaque estão:

 

  • analista de privacidade;
  • especialistas em cibersegurança;
  • representante de desenvolvimento de negócios;
  • engenheiro de dados;
  • analista de sistemas;
  • especialista em experiência do usuário;
  • designer de conteúdo;
  • desenvolvedor;
  • gerente de crescimento;
  • redator SEO;
  • redator com foco em experiência do usuário;
  • analista de sucesso do cliente.

 

De acordo com Cristiane Antunes, especialista em gestão de carreira, desde o último ano é possível observar um crescimento no interesse das empresas financeiras por diversos profissionais.

Ela conta que muitos de seus clientes conseguiram se recolocar em companhias da área e outros passaram a buscá-la para ter auxílio na recolocação.

As empresas estão buscando profissionais bem qualificados e que possam fornecer uma boa experiência ao cliente. Para isso, muitas passaram a se adaptar às exigências do mercado, como modelo híbrido e outros meios de promover qualidade de vida ao funcionário.

 

Fonte: https://g1.globo.com/trabalho-e-carreira/noticia/2023/03/15/em-meio-a-onda-de-demissoes-em-massa-veja-setores-que-devem-manter-contratacoes-neste-ano.ghtml