Uma população de 8 bilhões de pessoas: como isso afeta o planeta?

População mundial chegará aos 8 bilhões de habitantes ainda em 2022, com a fome atingindo pelo menos 10?s pessoas, 33 milhões no Brasil. No ano que vem, Índia já será o país mais populoso, passando a China

Uma população de 8 bilhões de pessoas: como isso afeta o planeta?

População mundial chegará aos 8 bilhões de habitantes ainda em 2022, com a fome atingindo pelo menos 10% das pessoas, 33 milhões no Brasil. No ano que vem, Índia já será o país mais populoso, passando a China

Segundo projeção da Organização das Nações Unidas (ONU), em 15 de novembro de 2022 nosso planeta terá 8 bilhões de habitantes. A marca histórica será alcançada em meio a graves questões ambientais e desigualdades sócio-econômicas. Em 2021, 828 milhões de pessoas, mais de 10% do total, já sofriam com a fome.

FOME Pelo menos 10% do planeta não conseguem fazer refeições regularmente e lutam diariamente pela subsistência (Crédito:INDRANIL MUKHERJEE / AFP)

O crescimento da população será ainda maior no futuro próximo: seremos 10,4 bilhões em 2100, o que representa, até a virada, do século, um aumento de 31%. Em 2023, a Índia já terá ultrapassado a China como o país mais populoso do planeta, com mais de 1,4 bilhão. Essa distância só aumentará, uma vez que o país asiático somará 246 milhões de pessoas até 2050, chegando a um total de 1,64 bilhão. O Brasil, de acordo com o relatório World Population Prospects 2022, terá 215 milhões de habitantes até o fim deste ano. Isso também significa que teremos mais problemas para alimentar a todos: 33,1 milhões, ou 15,5% do País, já não têm o que comer hoje ou não sabem se vão comer no dia em que acordam.

A pandemia e a guerra na Europa são alguns dos elementos que agravam essa situação. Em vez do mundo acelerar nas medidas de combate à pobreza, fome e desnutrição, ocorre o contrário: um atraso enorme na melhoria dos sistemas de saúde e educação. A economia mundial em 2022 não acompanhará essa explosão, pois crescerá, no máximo, 3,1%, abaixo dos 4% projetados em janeiro pela ONU.

Apesar dos números expressivos, a tendência é pela desaceleração no crescimento populacional global a longo prazo, como explica Everton Campos Lima, professor de Demografia da Unicamp. Entre os fatores, ele destaca a maior disseminação de métodos contraceptivos modernos e uma maior divulgação de informações, além de características culturais e econômicas – é cada vez mais caro ter filhos, por exemplo. Hoje, a queda reprodutiva já ocorre em países de renda baixa e em desenvolvimento, e é ainda mais acelerada do que foi nos países desenvolvidos. Essas nações, há algumas décadas, já consolidaram seu processo de transição de fecundidade, quando a média de famílias “com muitos filhos” passa a ser “com poucos filhos”.

“A redução do número de gestações por mulher se dá de maneira global, mas há uma desaceleração mais rápida em países asiáticos e latino-americanos. Ainda há regiões atrasadas, como nas áreas sub-saarianas, e também no centro e no oeste da África, locais que têm taxas altas tanto de fecundidade quanto de mortalidade”, explica Everton. Um ponto preocupante a se destacar, segundo o demógrafo é que, nos próximos anos, boa parte do crescimento populacional virá de regiões pobres do globo.

Se a média de nascimentos em 1950 era de cinco filhos por mulher, agora está em 2,3. O quociente deve baixar para 2,1 em 2050, mas ainda assim a população cresce por outros fatores – o aumento da expectativa de vida é um deles. Se essa média era de 72,8 anos em 2019, passará a 77,2 em 2050. E se hoje 10% da população global têm 65 anos ou mais, essa parcela será de 16% em 2050. Nos países ricos, que hoje já têm mais idosos do que crianças, a proporção nesse mesmo ano deve chegar em 2 para 1.

Pandemia e guerra

Everton explica que fatores como a pandemia serão analisados no futuro, mas é inevitável considerar que eles fizeram com que as desigualdades se acentuassem. “No Brasil, a pandemia afetou diferentes grupos sócio-econômicos e alterou ou acentuou dados sobre mortes e nascimentos.”

Em relação à guerra da Ucrânia, ainda não há como mensurar os impactos, segundo o professor, mas alguns indicadores como pobreza e fome certamente pioraram. “Como efeito indireto da guerra, podemos inferir que o aumento da desigualdade nos países periféricos, com as questões inflacionárias, aumentarão a violência. Isso traz, atrelada a esse fato, a mortalidade. Já vemos esse reflexo em países como o Brasil e o México”, explica o professor.

 

Fonte: https://istoe.com.br/menos-criancas-mais-idosos/