IBGE dá início à coleta do Censo 2022 em terras indígenas

Recenseamento dos povos indígenas é feito por grupo especialmente treinado para o trabalho com esta população. Serão aplicados dois questionários – um coletivo, referente ao agrupamento indígena, outro domiciliar.

IBGE dá início à coleta do Censo 2022 em terras indígenas

Dez dias depois de colocar em campo a coleta domiciliar do Censo 2022, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dá início, nesta quarta-feira (9), à operação censitária em terras indígenas. O trabalho é realizado por um grupo de trabalho especialmente treinado para atuação junto a essa população.

De acordo com o IBGE, serão visitadas todas as aldeias e comunidades indígenas existentes em todo o território nacional, independentemente de já terem sido mapeadas previamente ou não.

O órgão espera recensear os indígenas em todas as situações territoriais, ou seja, que vivem dentro ou fora de terras indígenas, em áreas urbanas ou rurais, além, dos indígenas de outros países.

 

“Essa pesquisa é fundamental para conhecermos a forma e modo de organização social dos povos indígenas no país”, enfatizou o coordenador do Grupo de Trabalho de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE.

 

No Censo de 2010, foram contados no país 896,9 mil indígenas, de 305 etnias ou povos e falantes de 274 línguas indígena.

A operação censitária em terras indígenas tem diversas particularidades que a distingue do censo realizado no restante do país. Uma das principais diferenças é a aplicação inédita de um questionário coletivo, chamado pelo IBGE de Questionário de Abordagem em Agrupamento Indígena, que deve ser respondido pela liderança da aldeia ou comunidade indígena.

“O IBGE nunca aplicou esse questionário. Outros países têm experiência de aplicar questionário coletivo, mas nós o faremos pela primeira vez”, destacou o coordenador do estudo.

Este questionário coletivo traz perguntas sobre características gerais a aldeia ou comunidade indígena relacionadas à identificação da aldeia ou comunidade indígena, sua infraestrutura, acessos à educação e saúde, além dos hábitos e práticas daquele grupo.

Somente depois de aplicado o questionário coletivo, os recenseadores do IBGE visitarão todas as habitações da aldeia ou comunidade para realizar as entrevistas com cada família residente.

O questionário domiciliar contém praticamente as mesmas questões que o aplicado em todo o país. A principal diferença está na identificação étnico-racial, que é auto declaratória, que conta com uma abordagem diferenciada.

Segundo o IBGE, é comum o indígena se declarar pardo ou preto, por associar a pergunta à sua cor da pele ou ao seu documento, e não à sua raça/etnia. Por isso, em áreas indígenas o recenseador pergunta ao entrevistado “Você se considera indígena?”, tendo como opções de resposta apenas “sim” ou “não”.

 

“Por indígena, entende-se a pessoa que se autoidentifica como indígena”, enfatizou o IBGE.

 

O órgão ressaltou, ainda, que o recenseador ou qualquer outra pessoa da equipe de coleta não pode questionar o informante, nem colocar em dúvida sua declaração Identificação étnico-racial.

Outra particularidade do questionário aplicado em terras indígenas é a investigação quanto à etnia e às línguas faladas no local de moradia.

Poderão ser registradas até duas etnias e três línguas indígenas. Também é perguntado se o português é falado ou se a Libras é usada no domicílio.

O IBGE destacou que o recenseamento em terras indígenas conta com a atuação de guias comunitários em áreas indígenas e quilombolas, que têm a missão de conduzir com segurança do recenseador por todos os domicílios a serem visitados, indicando as melhores rotas de percurso, os melhores horários para a visita e os códigos de conduta a serem adotados.

O grupo de trabalho também é acompanhado por guias-intérpretes, que atuam como mediadores entre o recenseador e o informante, facilitando a comunicação e a interpretação das perguntas e das respostas.

 

Fonte: https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/08/10/ibge-da-inicio-a-coleta-do-censo-2022-em-terras-indigenas.ghtml