Ibovespa fecha em queda e perde os 120 mil pontos, após Copom manter juros pela 7ª vez seguida

O principal índice do mercado de ações brasileiro recuou 1,23%, aos 118.934 pontos. Dólar fechou em alta.

Ibovespa fecha em queda e perde os 120 mil pontos, após Copom manter juros pela 7ª vez seguida

Ibovespa, principal índice da bolsa de valores de São Paulo, a B3, fechou o pregão desta quinta-feira (22) em queda, devolvendo parte dos ganhos da véspera.

Investidores passaram o dia repercutindo a decisão de juros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC), que manteve a Selic em 13,75% ao ano pela 7ª vez consecutiva. A expectativa é que o colegiado sinalizasse uma redução da taxa básica, o que não ocorreu.

Ao final do pregão, o Ibovespa recuou 1,23%, aos 118.934 pontos. Veja mais cotações.

O dólar, por sua vez, voltou a subir e fechou em alta de 0,08%, vendido a R$ 4,7717.

No dia anterior, o Ibovespa fechou em alta de 0,67%, aos 120.421 pontos, no maior patamar desde abril de 2022. Com o resultado de hoje, o índice passou a acumular altas de:

 

  • 0,15% na semana;
  • 9,78% no mês;
  • 8,38% no ano.

 

 

O que está mexendo com os mercados?

 

O Copom decidiu nesta quarta-feira (21) pela sétima manutenção consecutiva da taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano. No documento, o colegiado afirmou que a conjuntura atual segue "demandando cautela e parcimônia".

Segundo analistas consultados pelo g1, o comunicado do Copom ainda deu sinais mais duros do que o esperado sobre a condução da política monetária no país.

Apesar de ter retirado do documento a sinalização de que novos aumentos de juros podem acontecer, por exemplo, o Comitê ainda não deu indícios de um eventual corte da Selic nas reuniões futuras e continuou a indicar que a taxa básica pode seguir elevada por um "período prolongado".

 

"O Comitê trouxe de forma clara que os próximos passos de política monetária vão depender da evolução dos dados econômicos. Veio em um tom menos dovish [suave] do que o imaginado. A porta [para um eventual corte de juros] foi aberta, mas não foi escancarada", disse Rodolfo Margato, economista da XP.

 

 

 

As projeções da grande maioria dos bancos e outras instituições financeiras apontavam para os juros começando a cair em agosto. Mas os analistas ainda estão divididos entre agosto e setembro para o início dos cortes de juros.

Na leitura do mercado, a indicação mais conservadora do comitê indica a possibilidade de um desaperto mais tímido no curto prazo, o que pode ser favorável a uma taxa menor em prazos mais longos.

Segundo a última edição do Boletim Focus, relatório do BC que traz uma mediana das expectativas de economistas para indicadores econômicos brasileiros, a taxa Selic deve encerrar o ano em 12,25% ao ano — ou 1,50 ponto percentual a menos do que o patamar atual.

No exterior, investidores monitoram as falas do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, em comitê do Senado americano. Ontem, em depoimento na Câmara, Powell reforçou que novas altas das taxas de juros dos EUA podem vir este ano.

Além disso, os mercados aguardavam também a decisão de política monetária do Banco Central da Inglaterra (BoE). O BoE decidiu por maioria elevar sua taxa de juros referencial em 0,50 ponto percentual para 5%, a maior desde abril de 2008.

A inflação de maio no Reino Unido ficou em 8,7%, a mesma de abril, mas com uma alta no núcleo da inflação para 7,1%. Trata-se da maior leitura em mais de 30 anos, puxada pelo setor de serviços e aumento dos salários, provocado por um mercado de trabalho bastante aquecido.

Em comunicado, o BoE afirma que novas altas poderão acontecer se a inflação der mais sinais de resiliência nos próximos meses. Porém, o cenário-base do banco central britânico é de queda da inflação ao longo do ano.